“SÓ COM ALGUÉM DO LADO EU SOU FELIZ”
Essa dependência que muitos tem de um relacionamento é principalmente devido aos apelos da sociedade atual (amigos, filmes, novelas, seriados etc.). O outro fator responsável por esse "ideal" é o ambiente familiar e emocional no qual se cresceu.
Um número expressivo, mais de mulheres do que de homens, em menor ou maior grau e em determinados momentos de suas vidas, são dependentes afetivos de seus paceiros(as), ou seja, são pessoas cujas vidas se orientam em função de relacionamentos afetivos, e não em função de seu próprio bem-estar e interesses pessoais. São pessoas com baixa auto-estima, que colocam os outros sempre em primeiro lugar e estão dispostas a sacrificar sua felicidade pessoal para não ficarem sozinhas. São aqueles que se fixam no relacionamento e fazem dele o centro de suas vidas. São casos típicos de dependência afetiva.
As mulheres que sofrem de dependência afetiva também são conhecidas como "mulheres que amam demais", termo cunhado por Robin Norwood, autora do livro de mesmo nome. "Amar demais" aqui tem o sentido de amar além da conta, de forma doentia, controladora e obsessiva.
CARACTERÍSTICAS DOS QUE AMAM DEMAIS
É geralmente alguém que cresceu em uma família disfuncional (leia mais em item abaixo) na qual suas necessidades emocionais não foram atendidas. Tendo recebido pouca atenção quando criança, tenta diminuir sua carência tornando-se uma pessoa altruísta, que dá aos outros mais do que lhe é pedido, esperando receber em troca o carinho de que necessita.
Como nunca foi capaz de transformar seus pais em pessoas mais carinhosas e atenciosas, inconscientemente procura um par pouco atencioso e emocionalmente indisponível, que ele(a) tenta mudar através do seu amor, repetindo assim o comportamento que tinha dentro de sua família disfuncional de origem. Quem ama demais, via de regra, não foi amado(a) nem aprendeu a amar de forma saudável, por isso repete o mesmo comportamento com quem se relaciona.
Com medo de ser abandonado(a), fará de tudo para evitar que o relacionamento acabe. Nada lhe parece pouco, leva muito tempo ou é muito caro se for para "ajudar" ao(à) parceiro(a). Acostumados à falta de amor nas relações pessoais, estão dispostos a abrir mão do seu tempo, sonhos e metas para agradar ao parceiro e manter o relacionamento.
Sua auto-estima é extremamente baixa e, no fundo, não acredita que mereça ser feliz. É dependente do(a) parceiro(a) e da dor emocional que um relacionamento disfuncional lhe proporciona. Essa dor é, na verdade, a única forma de contato que tem com seus próprios sentimentos. Quem ama demais cresceu com essa dor, e confunde-a com amor.
Essa confusão se dá na infância, quando a criança não consegue entender como é que os seus próprios pais, que deveriam amá-la, possam tratá-la mal, ser negligentes ou mentir para ela ao mesmo tempo. A estrutura emocional da criança não suporta a verdade de que os pais não a amam tanto assim, por isso refugia-se no imaginário e associa a dor que sente a uma forma de amor. Portanto, para ela dor e amor são a mesma coisa, e repete esse padrão de comportamento pelo resto da vida.
Quem ama demais tem necessidade de controlar as pessoas e os relacionamentos, por medo de perda, por carência e por insegurança. Mas disfarça esse controle, colocando-se como uma pessoa prestativa, sempre pronta a ajudar.
Idealiza os relacionamentos ao invés de enxergar a situação real como ela é. Por esse motivo, acaba envolvendo-se com pessoas cuja vida emocional é caótica, incerta e sofrida. Quem ama demais é incapaz de enxergar seus próprios problemas, por isso procura pessoas complicadas que precisem de sua ajuda e que tenta mudar. É, na verdade, uma maneira de escapar de seus próprios problemas. Lembre-se de que para dependentes afetivos dor e amor são a mesma coisa, a nível inconsciente.
Se enfrentasse seus próprios problemas, se tentasse se conhecer, essa relação amor/dor perderia o sentido, assim como sua própria vida emocional perderia sua base. O medo do vazio faz com que se agarre com unhas e dentes a essas situações emocionalmente caóticas - nesse cenário, sabe como "sobreviver". E se, por acaso, o relacionamento acaba e entra em depressão, procura rapidamente um novo relacionamento instável com alguém emocionalmente desequilibrado(a).
Na sua visão deturpada da realidade, quem ama demais acha "bonzinhos(as) e chatos(as)" quem é sinceramente gentil, seguro(a) e mostra interesse genuíno, sentimentalmente falando. Os dependentes afetivos não aprenderam ainda a amar e a ser amados, só a sentir dor, por isso procura INCONSCIENTEMENTE aqueles e aquelas que os façam sofrer.
FAMÍLIA DISFUNCIONAL
Uma família disfuncional é aquela em que as crianças crescem sem o carinho e a atenção de que precisam, além de não aprenderem a confiar em si mesmas. Um exemplo extraído do livro "Mulheres que Amam Demais" de Robin Norwood:
Uma criança ouve os pais brigando e pergunta à mãe: "Por que você está zangada com o papai?" A mãe responde: "Eu não estou zangada com o seu pai." A criança: "Mas eu ouvi você xingando ele." A mãe: "Presta atenção: eu não estou zangada, mas vou ficar já já se você continuar se comportando assim."
Um diálogo simples e corriqueiro como esse esconde a inabilidade da mãe de lidar com a situação de conflito, levando a criança a sentir-se confusa, culpada, e a ter medo. Confusa, porque ela sabe o que ouviu, mas a pessoa que ela mais ama diz que aquilo que ela ouviu não aconteceu. Culpada, porque a mãe diz que seu comportamento (perguntar sobre seus sentimentos) é errado. Medo, porque a criança tem que optar entre a confiança que tem em si mesma (ela sabe que a mãe está zangada) ou aceitar o fato de que a própria mãe mente para ela. Esse tipo de diálogo geralmente se repete inúmeras vezes durante a vida da criança. O resultado é uma criança insegura, que não confia mais nos seus próprios sentimentos e simplesmente aceita como "verdadeiro" o que lhe é dito, principalmente se vem de alguém que ela ame.
A família é também disfuncional quando há incidência de pelo menos um dos pontos abaixo:
- Dependência de álcool ou drogas (incluindo medicamentos)
- Comportamento obsessivo, como comer, limpar, trabalhar, jogar (por dinheiro), fazer compras, etc., compulsiva e doentiamente, afetando o bem-estar da família
- Violência física contra a(o) parceira(o) e/ou filhos
- Comportamento sexual inadequado de um dos pais com relação aos filhos, que pode ir de toques libidinosos a incesto
- Clima de tensão e desentendimento dentro da família, brigas constantes
- Longos períodos de tempo em que os pais evitam falar um com o outro
- Pais cujas opiniões divergem completamente
- Um dos pais não desenvolve um relacionamento verdadeiro com a família, permanece ausente e ainda culpa a família por seu comportamento
- Visão autoritária e inflexível com respeito a dinheiro, religião, trabalho, rotina, sexualidade, lazer, vida doméstica, esporte, política, etc. O relacionamento familiar se resume ao cumprimento de regras fixas e quase não há intimidade e confiança entre os membros da família.
Há vários tipos de famílias disfuncionais, mas uma coisa todas têm em comum: as crianças que crescem nesse ambiente têm enorme deficiência emocional e serão adultos com problemas de relacionamento.
IDENTIFICANDO O PADRÃO DE COMPORTAMENTO DE UM DEPENDENTE AFETIVO
Quais são os sinais e os sintomas da dependência? Verifique se os tipos de comportamento abaixo combinam com os seus (ou os de alguém que você conhece):
- Fica do lado do telefone, ansioso(a), esperando o(a) parceiro(a) (namorado/a ou marido/esposa) ligar?
- Vive checando a caixa de correio/correio eletrônico/secretária eletrônica para ver se há mensagens?
- Cancela um encontro com um(a) amigo(a) para se encontrar com ele de última hora?
- Telefona demais para ele(a)/procura-o(a) demais?
- Gasta dinheiro com cartões, presentes? Escreve suplicantes cartas de amor?
- Oferece demais: lembranças, presentes, vive fazendo-lhe favores, etc.?
- Desistiu completamente de investir em si própria(o)?
- Costuma ser você quem inicia os jogos de amor/sexo?
- Pergunta sempre quando irá telefonar para/ver a pessoa de novo?
- Substitui rapidamente um amor recente?
- Oferece-se para resolver uma série de coisas na vida do(a) novo(a) namorado(a) (lavar, passar, limpar, consertar, etc.)?
- Acha que você e o seu/sua parceiro(a) vivem "grudados"? Fazem tudo juntos? Não têm interesses próprios em separado?
- Vive com medo de que ele(a) a(o) abandone ou fique aborrecido(a)?
- Segue a opinião dele(a) na maioria das vezes? A palavra dele(a) vale mais?
- Vive tentando se superar, ser cada vez melhor, para que o seu/sua parceiro(a) ame-a(o) ainda mais?
- Corre para casa para estar disponível ao(à) parceiro(a)/evitar reclamações/preparar o jantar?
- Tolera excessos, vícios, abuso físico e/ou verbal?
- Ameaça ir embora, mas não cumpre?
- Acaba perdoando sem ter realmente resolvido o problema ou sem que a situação tenha mudado na prática?
- Faz de tudo para evitar atritos em casa?
- Aceita-o(a) de volta sem que a situação tenha mudado? Acredita nas promessas de mudança, sem provas ou resultados?
- Sente-se numa prisão? Não tem permissão para sair com seus amigos? Ou ouve o que não quer quando sai?
- Não tem permissão para atender o telefone? Ou abrir o correio? As suas conversas são monitoradas?
- Vive com sentimento de culpa, medo de ser acusada(o), espancada(o) ou de ver o seu parceiro(a) mudar completamente de personalidade?
- Deixa de ir à terapia ou a um grupo de ajuda/aconselhamento porque você reatou com o(a) parceiro(a), ou porque o relacionamento acabou? Ou tem um namorado(a) novo(a)? Ou porque ele(a) faz pressão para você parar? Ou porque ele reclama do preço?
- Sente-se culpada(o) por estar gastando esse dinheiro com você?
- Analisa demais o comportamento dele(a)?
- Não tem acesso a dinheiro ou a cheques e é ele(a) que controla tudo?
- Virou a mãe/terapeuta dele(a) para resolver os problemas dele(a)?
- Está viciada(o) em determinados comportamentos ou normas (para sentir-se segura(o))?
- Não consegue dizer "não", mas se arrepende depois?
- Permite que outras pessoas a(o) usem?
- Gostaria de ser mais firme?
- Se compromete a fazer coisas que não quer fazer, e depois acaba não conseguindo dar conta delas?
- Mente para se livrar de compromissos assumidos?
- Cria desculpas para não manter os compromissos mais sérios, como o pagamento em dia de contas?
- Faz coisas para os outros que eles próprios deveriam fazer, ou que prometeram fazer e não fizeram?
- Vive "apagando incêndios" causados por outras pessoas?
- Procura evitar que as outras pessoas passem por experiências desagradáveis resultantes do comportamento delas? Acoberta filhos, familiares, amigos, empregados?
- É apegada(o) demais a telenovelas, livros românticos, filhos?
Além disso, você:
- Tem que estar com tudo sob controle para se sentir segura(o)? Sente-se ameaçada(o) pelo crescimento ou mudança do parceiro?
- Gostaria de ter uma auto-imagem melhor e de se sentir melhor consigo mesma(o)?
- Gostaria de ser mais confiante?
- Teve relacionamentos ruins repetidas vezes?
PESSOAS QUE ABUSAM DOS OUTROS TAMBÉM PODEM SER CO-DEPENDENTES - O SEU PARCEIRO É CONTROLADOR E SE SENTE INSEGURO QUANDO NÃO CONSEGUE CONTROLAR OS OUTROS?
ELE ou ELA (dependendo do caso):
- Controla as suas roupas? ...o que você veste? ...o que você come? Ou controla se você está ou não trabalhando; se foi mesmo estudar?
- Nunca admite que está errado(a)?
- Culpa você, quando na verdade o erro/a responsabilidade era dele(a)?
- Acusa você de fazer coisas que ele(a) faz, mas não admite?
- Tem acessos de raiva?
- Parte (ou sente vontade de partir) para violência física?
- Humilha e/ou xinga você?
- Não permite que você tenha acesso ao que precisa (dinheiro, carro, babysitter, etc.)?
- Passa a maior parte do tempo na frente da televisão? Praticando esportes? No bar? Na garagem/oficina? No trabalho?
- Tem relações extra-conjugais?
- Tem dificuldade de expressar seus sentimentos? De se comunicar?
Esse padrão de comportamento pode ser alterado, se você encontrar um equilíbrio em todas essas áreas da sua vida. Primeiro é preciso reconhecer que existe um padrão desequilibrado no seu comportamento para depois poder crescer interiormente e curar as causas desse desequilíbrio - aumentar a auto-estima e aprender a gostar de si mesmo! Só então poderá viver um relacionamento afetivo feliz e mantê-lo.
Todos os aspectos da sua vida irão melhorar quando você estiver emocionalmente saudável. Pare de culpar os outros pelos seus problemas. Você está atraindo pessoas doentias porque você também não está saudável.
QUAIS SÃO AS CAUSAS DA DEPENDÊNCIA?
O comportamento dependente é às vezes assimilado dentro da própria família, outras vezes é uma resposta a formas variadas de abuso, de disfunção familiar ou de trauma.
Um relacionamento saudável leva em conta o bem-estar de ambos, e não somente de um dos dois, em total detrimento do outro.
O dependente é carente, inseguro e está sempre pronto a agradar... quer ser amado e/ou controlar os outros. Isso sufoca o parceiro ou qualquer pessoa que se relacione com o dependente. Mas essa nunca é a intenção do dependente: ele quer ser amado, quer aproximar e não afastar as pessoas. Como nunca aprendeu a se valorizar, a viver um relacionamento afetivo saudável, sem controle e dependência, não consegue agir de outra maneira.
Para quebrar esse ciclo, o dependente tem que aprender a amar de forma saudável. Primeiramente, a si mesmo. Uma pessoa com baixa estima não gosta muito de si mesmo. Portanto o processo de cura passa pelo resgate do amor próprio, para que a pessoa possa relacionar-se de forma equilibrada no amor, na família, no trabalho, etc.
"EU ME AMO, EU ME AMO! SERÁ?
Quem não ama a si mesmo não consegue amar outras pessoas. O que chama de 'amor' é dependência, carência, mas não amor. O questionário a seguir serve como guia para determinar até que ponto você ama a si mesmo.
Responda, sinceramente:
1) Torno-me obsessiva(o) com os relacionamentos?
2) Não consigo perceber que me torno dependente?
3) Minto para disfarçar o que ocorre numa relação?
4) Evito o contato social para ocultar das pessoas meus problemas no relacionamento?
5) Repito comportamentos para controlar a relação?
6) Sofro acidentes devido à distração?
7) Sofro mudanças de humor inexplicáveis?
8) Às vezes ajo de forma irracional?
9) Tenho ataques de ira, depressão, culpa ou ressentimento?
10) Tenho ataques de raiva e violência?
11) Sinto ódio de mim mesma(o) e me auto-justifico?
12) Fico doente devido ao stress?
Se você respondeu afirmativamente a três das doze perguntas, certamente é alguém dependente das pessoas.
Adaptado do site Viver na Alemanha
Amada como suas publicações nos fazem crescer.
ResponderExcluirparabéns...
Muito obrigada. É a única coisa que o código de escrita pode fazer para a expressar algo que me fez muito bem... Continue no caminho!Que Deus lhe dê cada vez mais luz para aplicar a humildemente a sabedoria divina aos demais, reconhecendo-se sempre como uma obreira, uma mediadora da Luz do Cristo, uma semeadora da Sua boa vontade.
ResponderExcluirAbraços fraternos! Paz e bem!
Por favor me responda: Os especialistas dizem que quando um coodependênte afetivo consegue enfim terminar aquela relação(namoro)por dependência, ela novamente tem a tendência de encontra uma pessoa igual e cometer os mesmos erros..Por que isso acontece. Como poceder para isso não acontecer?! Já não basta sofrer tanto uma vez e qdo consegue se libertar enfrentar de novo?! Ah meu Deus! me ajude, por favor. Desde já obrigada.
ResponderExcluirGente! Que texto! é muita coisa que vivi, vivo e sofro com isso. Preciso de ajuda...
ResponderExcluirQuanta coisa, passei por muito já. Tenho muita dependência, tomara que um dia eu me cure. Deus vai me ajudar!!
ResponderExcluirEstou maravilhada com o esclarecimento, graças a Deus hoje a internet nos ajuda com essas orientações. Mas também graças a Deus que tem pessoas assim como você que por fazer isso, mostra que quer ajudar o outro que nem conhece. Obrigada pela ajuda e que Deus te abençoe.
ResponderExcluirHá uma esperança concreta para todos os problemas da vida, e tem nome: o SENHOR JESUS!! Ele é a chave do sucesso, e lendo a BÍBLIA podemos conhecê-Lo verdadeiramente. Tenho 40 anos hoje, e em todas as dificuldades que já vivi posso atestar que na Palavra de Deus podemos ter uma orientação segura. Para os que estão lutando com esse problema de dependência afetiva, recomendo a leitura diária do Novo Testamento da Bíblia e também a assistência em alguma igreja evangélica fundamentada na Palavra de Deus. Após se averiguar que a igreja realmente é coerente com os princípios bíblicos, pode-se pedir para o pastor dessa realizar sessões de aconselhamento. Vão ajudar!
ResponderExcluirAproveito para agradecer as palavras de incentivo a esse blog! Que o SENHOR abençoe a vocês todos!