Pr. José Nogueira
Os escritores bíblicos não gravaram as suas palavras em pedra; nem escreveram em duráveis plaquetas de argila. Evidentemente, eles a registraram em materiais perecíveis: papiro e pergaminho (um de uma planta egípcia e outro de pele de animal).
O que aconteceu com os escritos originais? Provavelmente se desintegraram muito tempo atrás, a maioria deles na terra de Israel. Estavam eles sujeitos aos danos causados pela umidade, pelo mofo e por várias espécies de traças. A experiência diária nos ensina com que facilidade o papel, ou até mesmo o couro resistente, se estraga ao ar livre ou mesmo em um recinto úmido.
Se os originais não existem mais, como foi que as palavras dos escritores bíblicos sobreviveram até hoje?
Eles foram preservados por copistas meticulosos que, pouco depois da escrita dos originais, começaram a produção de cópias à mão. Na verdade, copiar as Escrituras virou uma profissão em Israel naqueles dias (Esdras 7:6; Salmos 45:1). Mas, as cópias também eram feitas em materiais perecíveis. Com o tempo, elas tinham de ser substituídas por novas cópias "à mão". Quando os pergaminhos originais saíram de cena, essas cópias tornaram-se a base para manuscritos futuros. O processo de recopiar continuou por muitos séculos. Será que ocorreu erros de copistas no decurso dos séculos com a possivem mudança para o texto da Bíblia? Vamos checar?
Os massoretas (Senhores da Tradição) eram copistas dedicados que viveram entre os séculos IV ao X d.C. Seus textos copiados eram chamados Textos Massoréticos. Os copistas (massarotes e depois escribas) profissionais eram muito dedicados. Eles reverenciavam profundamente as palavras que copiavam. Eram meticulosos e zelosos. A palavra hebraica para "copista" é sofér, que tem a ver com contagem e registro. Para ilustrar a exatidão dos copistas: "Eles calculavam a letra central do Pentateuco [os cinco primeiros Livros da Bíblia, a frase central de cada livro e quantas vezes cada letra do alfabeto hebraico ocorre nas Escrituras."
Assim, copistas peritos utilizavam vários métodos de checagem cruzada. Para não omitir nem uma letra do texto bíblico, eles chegavam a contar não só as palavras mas também as letras copiadas. Imagine o enorme trabalho que isso representava. Segundo consta, eles contavam mais de 815 mil letras nas Escrituras. Tal esforço garantia um alto grau de exatidão.
Apesar de tudo, os copistas não eram infalíveis. Existe evidência de que, depois de séculos de recopiar, o texto bíblico sobreviveu em forma confiável?
Sim, há muitos bons motivos para se crer que a Bíblia foi transmitida com exatidão até os nossos dias. A evidência consiste na existência de manuscritos (em média seis mil das Escrituras Hebraicas, Antigo Testamento, na íntegra, ou em parte, e cinco mil das Escrituras em grego do Novo Testamento). Entre esses há um manuscrito das escrituras hebraicas descoberto em 1947, que exemplifica a exatidão do processo de recopiar as Escrituras. Este tem sido chamado "a mais importante descoberta de manuscritos nos tempos modernos".
Ao cuidar de seu rebanho, no começo daquele ano, um jovem pastor beduíno descobriu uma caverna perto do mar Morto. Dentro da caverna, ele encontrou vários jarros de cerâmica. Mas, em um deles, que estava bem fechado, ele encontrou um rolo de couro, jeitosamente envolto em linho, contendo a edição completa do Livro de Isaías. Esse rolo, bem preservado, porém desgastado pelo uso, apresentava sinais de ter sido consertado. O jovem pastor nem podia imaginar que o velho rolo que tinha nas mãos acabaria atraindo a atenção de todo o mundo.
O que havia de tão especial com esse manuscrito? Em 1947, os mais antigos conjuntos completos de manuscritos hebraicos datavam em média 900 anos d.C. Porém, esse rolo de Isaías, encontrado na caverna de Cunrã, era do ano 150 a.C. Os religiosos, pesquisadores, arqueólogos, linguistas e cientistas estavam interessadíssimos em saber se havia diferenças entre esse rolo e os manuscritos copiados tempo depois, ou seja as cópias mais recentes.
Num estudo rigoroso, eruditos de todo o mundo compararam o 53º capítulo do rolo achado no mar Morto com o do texto massorético (copiado mil anos depois). Eis os resultados: "Dentre as 166 palavras deste capítulo, há apenas 17 palavras em dúvida. Dez simplesmente são uma questão de grafia, ou seja, não alteram o sentido; quatro são mudanças estilísticas menores, tais como conjunções, isto é, só para enriquecer a leitura; as demais três letras diz respeito a palavra "luz", que é acrescentada ao versículo 11 e não afeta muito o significado. Assim, em um capítulo de 166 palavras, há apenas uma palavra [três letras] em dúvida, depois de mil anos de transmissão. E esta palavra não altera significativamente o sentido da passagem."*
Os peritos concluíram: "Muitas das diferenças entre o rolo de Isaías achado e o texto massorético podem ser explicadas como erros de cópia. Fora disso, há uma notável concordância com o texto encontrado nos manuscritos medievais. Tal concordância num manuscrito bem mais antigo fornece um testemunho que renova a confiança na exatidão dos textos atuais."
Vale também para as cópias das escrituras Gregas do Novo Testamento. Por exemplo, no século XIX, um fragmento em papiro do Evangelho de João, descoberto no distrito de Faim, no Egito, datando da primeira metade do Segundo Século, menos de 50 anos depois da escrita original, fora preservado por séculos na areia seca. O texto harmoniza-se com o que se encontra com manuscritos bem posteriores. Portanto, a evidência confirma que os copistas eram, de fato, bem exatos.
A história de como a Bíblia sobreviveu a milhares de anos de recopiar à mão é realmente fantástica!
*Dados e adaptações de Textos Reformados, de Márcio Melânia.
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Na Conferência sobre “A IMPORTÂNCIA DA TRADUÇÃO FIEL DAS ESCRITURAS”, será estudada com mais profundidade a preservação dos textos bíblicos e as questões da chamada Crítica Textual (área da ciência bíblica que estuda as cópias existentes dos manuscritos da Bíblia).
Estudar com mais exatidão este assunto e levar tais conhecimentos e informações para as ovelhas e para a igreja do Senhor devem ser alvos e desejos do coração de um pastor zeloso com doutrina bíblica. E também deve ser assunto de interesse de qualquer crente interessado em se aprofundar no estudo da Palavra!
Participe e divulgue essa importante Conferência:
A IMPORTÂNCIA DA TRADUÇÃO FIEL DAS ESCRITURAS
Dias 19 e 20 de setembro de 2009
Hotel Don’Ana – Praia do Presídio – Iguape - Ceará
Folder: clique aqui
Contatos: (85) 3286-3330 3214-1412 8841-3710
E-mail: cristoevida@cristoevida.com
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