Meu nome é Achmed Assef, sou palestino e vivo no Brasil atualmente.
Desde que iniciou novamente os conflitos no Oriente Médio, não se fala em outra coisa a não ser nesta guerra infeliz que tanto vem fazendo vitimas dos dois lados.
Nasci na Palestina, um país que ainda não existe oficialmente e, quando a situação ficou insustentável para minha família, tivemos o feliz e sagrado convite de um amigo de meus pais a virmos ao Brasil. Desde meus 5 anos de idade, moro neste lindo país acolhedor.
Quando digo que a situação na Palestina ficou insustentável, não estou me referindo aos inúmeros conflitos com o exército de Israel ou os religiosos judeus que mantinham suas casas lindas em território palestino (e que hoje essas mesmas casas foram tomadas à força pelos terroristas), mas sim de uma insustentabilidade provocada pelos próprios "governantes" palestinos em todos esses anos.
Para quem está no Brasil ou qualquer outro lugar do mundo, na segurança de seu lar e de sua vizinhança, não vai conseguir imaginar nunca o que é viver em Gaza. Somente de lembrar minha breve infância nas cidades em que vivi, me dá um aperto no coração e vontade de chorar. Porém, ninguém que está no conforto de seus lares também recebendo milhares de informações, fotos e notícias do atual conflito pode imaginar o que é se sentir traído por aqueles que se intitulam líderes palestinos.
Os líderes palestinos nunca quiseram um Estado. E eu posso falar isso em alto e bom tom, porque é uma verdade. Se quisessem, teriam criado antes de 1948, quando ainda não existia o Estado de Israel. Se quisessem o teriam feito em 48, também quando a ONU decidiu pela criação de dois Estados, mas nossos grandes 'líderes' preferiram incitar o povo à violência de lutar contra os judeus do local a fazer lobby por um Estado palestino viável.
Não quiseram também os líderes palestinos quando os territórios, chamados "ocupados por Israel" e que hoje estão em sua grande maioria em nosso domínio, criar um Estado palestino. O que dizer então da mais recente escalada de violência, quando ocorreu a segunda intifada causada pelo grande líder Arafat que, em 2000, rejeitou o melhor acordo de paz de todos os tempos propostos pelo premier israelense Ehud Barak. Mais uma vez se incitou o povo palestino à violência e à brutalidade através de homens-bomba, enquanto a família do Sr. Arafat vivia com regalias, mordomias e riquezas em Paris, tudo fruto de doações dignas estrangeiras, mas que nunca chegaram ao povo sofrido da Palestina.
Ao invés de comprar comida, água, remédios e oferecer uma vida digna e boa ao povo palestino, nossos líderes preferiram o caminho da violência, da brutalidade e da estupidez de promover o ódio e a discriminação contra o povo judeu, que se não são anjos, também não são demônios como pregam nossos líderes.
As mesmas crianças que hoje morrem inocentemente no colo de suas mães, são as mesmas que recebem a criação e educação militar desde cedo a odiar Israel e o povo judeu, sabendo atirar com armas pesadas com menos de 5 anos de idade e ainda recebem a lavagem cerebral de se tornarem mártires explodindo-se para causar ainda mais vítimas do outro lado.
Os líderes palestinos não possuem nenhum sentimento humanitário como se espera para uma população cansada e calejada de sofrimento. Pois se tivessem, não mandariam para o suicídio seus parentes e suas crianças, enquanto esses covardes assassinos se escondem em outros paises ou até mesmo utilizam escudos humanos dentro da população civil, como vemos hoje na faixa de Gaza.
O Hamas, que há muito tempo vem promovendo barbáries dentro e fora de Gaza, desde que em seu único ato inteligente na história transformou-se em partido político, somente para dar legitimidade ao seu terrorismo praticado diariamente nas ruas de Gaza. O Hamas matou, perseguiu, torturou e aniquilou todos os "inimigos" do Fatah, o partido moderado que hoje é representado pelo incapaz Mahmoud Abbas.
Senhores, como pode um grupo terrorista, dizendo-se líder do povo palestino, matar nossos irmãos? Como entender que eles não estão defendendo nosso povo, mas sim seus próprios ideais, que não refletem a opinião da maioria desse meu povo palestino? Matar palestinos somente porque não concordam com seus atos e idéias é arcaico e acima de tudo terrorista. Sobrou a Cisjordânia para o Fatah que, se não tomarem cuidado, servirão de base para mais atos de violência dos terroristas do Hamas.
Vocês podem argumentar que os terroristas do Hamas praticam atos sociais e de solidariedade, mas não acreditem em tudo que vêem na mídia e muito menos em tudo que ouvem. Para que vocês consigam compreender, faço uma analogia com os traficantes no Rio de Janeiro, pois é legitimo o que eles fazem? Aliciar crianças inocentes para o tráfico de drogas, colocando armas pesadas em suas mãos? Acredito que não, mesmo que os traficantes promovam atos sociais e atos solidários com os moradores dos morros onde estão alojados. Continuam desrespeitando o direito das crianças crescerem com educação saudável e não para a guerra, como os terroristas do Hamas fazem hoje.
Amigos brasileiros, que tanto respeito e quero bem, faço um apelo como palestino, como muçulmano, e acima de tudo como um ser humano que não agüenta mais ver a ignorância e a falta de conhecimento por parte de muitas pessoas neste lindo Brasil: parem de atacar Israel, parem de atacar os judeus e também parem de achar que o povo palestino é somente de terroristas. Há muita gente boa, inocente, que não quer mais conflitos com os israelenses e não os odeiam, assim como não odeiam os americanos.
Muita gente lá, incluindo minha família, está cansada de tanta dor e sofrimento, e sabemos que devemos ter uma convivência pacífica com Israel, afinal, é de Israel que vem nossa água, nossa comida, nosso trabalho e nosso dinheiro.
Israel, inclusive, nos oferece ajuda militar - sabiam? Quando houve acordo com a Autoridade Palestina no governo de Arafat, a policia de Israel treinou muitos de nossos homens que não queriam envolvimento com o conflito para que pudessem trabalhar na ordem de nossas cidades. Israel ofereceu treinamento para seus supostos inimigos, inclusive com armamento para que tivéssemos nossa própria segurança.
Terroristas que tentaram e não conseguiram se explodir nas cidades de Israel, receberam atendimento médico nos hospitais israelenses!! E muitas das escolas em Israel promovem a educação igualitária com alunos palestinos e judeus, convivendo em perfeita harmonia e recebendo educação sadia e de respeito ao próximo. Diferentemente do que acontece em Gaza, por exemplo.
Se nossos líderes não fossem tão burros e estúpidos, nosso povo sofrido não teria mais o que reclamar, pois em Israel estão as maiores oportunidades para um palestino que vive em Gaza ou na Cisjordânia. Quem tem um mínimo de inteligência lá sabe que não vai conseguir nunca varrer Israel do mapa, ou exterminar todos os judeus, como apregoam certos líderes maníacos do nosso lado.
Quanto ganharíamos se estivéssemos do lado de Israel e dos judeus? Por que aqui no Brasil a convivência entre os dois povos sempre foi motivo de orgulho e quando estamos em sociedade ganhamos em tudo?
Meu tio recebeu visto de trabalho em Israel. Todos os dias levantava cedo e ia trabalhar em Israel e voltava de noite para sua casa em Gaza. Quando o Hamas tomou o poder à força e iniciou seus diários ataques às cidades israelenses, meu tio perdeu o emprego e a fronteira foi fechada. A culpa é de Israel? Do meu tio que nunca odiou os judeus? Não, a culpa é dos terroristas do Hamas. Meu tio hoje continua não odiando os israelenses nem os judeus. Vive na Síria, onde a situação não é das melhores, mas lá não há grupos terroristas como o Hamas ou o Hezbollah, que somente acabam com a vida dos cidadãos de bem.
O povo palestino foi expulso de diversos paises chamados "amigos dos palestinos", incluindo Jordânia, Líbano, Síria e Líbia. O Egito fecha sua fronteira com Gaza porque não nos querem por lá. No tratado de paz com Israel, na devolução do Sinai ao Egito, foi oferecido por Israel devolver Gaza também e os egípcios não quiseram, porque chamaram de terra sem lei e o pior lugar do mundo para se viver.
Por que paises fortes e com um território gigantesco como Arábia Saudita, Jordânia, Irã e outros não tão grandes, mas muito ricos, como Kweit, Emirados Árabes ou Catar não nos recebem de braços abertos? Preferem somente financiar atentados terroristas e mandar todo seu dinheiro para líderes palestinos terroristas que não pensam no bem estar da população, mas somente em enriquecimento próprio e incentivo ao ódio e intolerância?
Por isso, meus amigos, escrevo esta mensagem. Sei que esta carta não vai fazer nenhum dos dois lados pararem com o atual conflito e muito menos mudar o pensamento dos líderes que hoje determinam o rumo do meu povo palestino. Mas pode servir para fazer o povo brasileiro pensar nisso e entender que não precisamos importar um conflito que não serve pra nada aqui. Também serve para que todos vocês realmente entendam quem são os principais responsáveis pela matança generalizada que ocorre atualmente em Gaza.
Israel não é culpado, está se defendendo dos irresponsáveis líderes terroristas palestinos que diariamente atacam nosso vizinho com seus nada caseiros foguetes, para depois se esconderem atrás de mulheres e crianças. Embora eles coloquem toda a culpa nos israelenses, são esses terroristas (que infelizmente também são palestinos) que covardemente se escondem em áreas altamente populosas para causar ainda mais mortes e ganharem fotos sensacionalistas nos jornais do mundo todo.
O povo palestino também não é culpado, o povo palestino, tirando esses terroristas que são minoria, quer a paz, quer o convívio pacifico com Israel e com os judeus. Quer uma vida digna e viver em seu território chamando-o de lar, sem precisar fugir para qualquer outro país maravilhoso como o Brasil como eu fiz, pois a Palestina é o melhor lugar para viver um palestino.
Pensem nisso antes de escolher algum lado no conflito, mas acima de tudo, escolham o lado da paz, da tolerância e do respeito com quem quer que seja.
Grato,
Achmed Assef
O e-mail dele segue abaixo - para quem quiser ser solidário com ele: achmedassef@gmail.com
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